quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Nota de falecimento

Em memória de José Antonio, Neuza, Roberval, Elderson. 


 
       
          Naquele dia as lágrimas não foram contidas, assim como o sol não parou de brilhar. 
            O desespero foi tomando de conta aos poucos, no primeiro momento foi só uma informação, depois se tornou um fato, mas não dá pra lutar contra o tempo, ele mantém tudo a seus pés. 
     
            Tudo estava em seu curso natural menos algo, sempre existe algo embora nossos olhos não consigam enxergar, um aperto de mão, um olhar diferente, uma pergunta ou uma resposta diferente, um toque, o tom da voz, uma palavra fora do vocabulário, mas o impressionante é que quase sempre não da pra perceber. 
   
               É como se a órbita do planeta saísse do seu lugar no espaço e voltasse em segundos.      Cada dia traz em si um sentido diferente mesmo que tudo esteja em seu devido lugar. É somente quando você deixa a realidade tomar posse da sua mente, que os fragmentos juntam-se, que o quebra cabeça se monta, uma peça de dor, com uma de saudade e então o estardo está feito. Depois dessa não dá pra viver em paz, não dá pra sorrir sem o peso da nostalgia, não dá pra sentar naquela mesa imensa vendo aquela cadeira vazia.    
             Há um sabor indesejado na saudade que sentimos quando morre alguém querido é uma dor que  nem um ser humano consegue explicar. 
             Não se pode descrever sua intensidade, seu tamanho, nem quando começa nem quando termina, cada partícula dela é formada por uma singularidade que não dá para outro imaginar por mais que já tenho vivido a mesma situação.
      
              Ela pode durar segundos, horas, dias, mas não acaba ela sempre estará lá, as vezes com mais intensidade outras vezes de forma pouco intensa, haverá dias em que vai doer tanto que você não conseguira dormir, comer, tomar banho ou simplesmente levantar da cama. 
     
                Não há como teorizar a morte. Não se sabe o momento exato, tudo que se sabe é que ela esta por ai, Abraçando todos os dias crianças, jovens, adultos, homens, mulheres, e ela não tem preconceito você pode morar em um casebre ou em uma mansão ela estará lá na hora exata, você pode ser judeu ou alemão ela continuará lá, não importa sua conta bancária, seu peso, altura, status, grau de conhecimento, cor, nada importa pra ceifadora de almas.
    
                 Ela simplesmente faz seu trabalho, como qualquer um, desorganizando compromissos, mudando rotas, destruindo lares, mudando a rotina das pessoas, simplesmente assim como se tudo fosse normal.

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